Autoridades apuram a motivação para o princípio de rebelião no Presídio Regional de Joinville na noite de domingo (2). A confusão aconteceu nos pavilhões 4 e 5 da unidade prisional, que fica no bairro Paranaguamirim, na zona Sul, por volta das 19 horas. De acordo com o diretor regional, João Renato Schütter, os apenados começaram uma perturbação à ordem após uma notícia falsa ser repassada nos corredores da prisão.
— Dentro da unidade correu uma informação de que quatro presos foram mortos em um confronto entre facções, mas essa situação não ocorreu. A falsa informação gerou tumulto e um princípio de motim — esclarece o diretor, em entrevista à NSC TV.
Durante a confusão, segundo Schütter, os presos chutaram as grades e tentaram danificar a estrutura das celas. A Polícia Militar (PM) precisou ser acionada pelo Departamento de Administração Prisional (Deap) para ajudar a conter a confusão, sendo utilizadas armas não letais para controlar o princípio de rebelião.
Cinco ataques criminosos são registrados na noite de domingo em Joinville
Cinco pessoas ficaram feridas durante o tumulto, segundo Schütter, como consequência da própria ação dos internos de chutar a estrutura da cela. Uma das suspeitas apuradas como causa do tumulto é de que a situação seria uma forma de disfarçar uma tentativa de fuga em várias celas da unidade carcerária.

Na noite de domingo, a Polícia Militar (PM) relatou que o barulho seria utilizado para que os detentos não fossem flagrados enquanto tentavam serrar as grades. De acordo com o diretor regional, a hipótese ainda está sendo investigada. Além das suspeitas, problemas no atendimento à saúde dos internos também foram uma questão levantada pelos apenados como um motivador ao motim.
— Estamos apurando as possibilidades. Sobre a fuga dos apenados, não pode ser descartado, mas ainda estamos levantando as informações para verificar a real motivação para a realização deste tumulto — garante Schütter.
Situação controlada
Após as informações falsas sobre as mortes, que correram os pavilhões do presídio, muitos familiares chegaram a se reunir em frente à unidade prisional. A intenção era buscar informações sobre as ocorrências e sobre a situação. Conforme a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, a situação no presídio foi controlada e normalizada ainda durante a noite.
A unidade está sendo monitorada desde o princípio de rebelião, com apoio de agentes do Grupo Tático de Intervenção (GTI) e do Serviço de Operações de Escolta (SOE), para garantir a ordem no local. Durante a madrugada, foram realizadas revistas nas celas e contagem dos presos, além da avaliação dos danos causados nos pavilhões onde ocorreu a situação.

Juiz acompanha situação no presídio
O juiz João Marcos Buch, titular da Vara de Execução Penal e corregedor do sistema prisional na cidade, acompanha a situação desencadeada no Presídio Regional. Segundo o magistrado, em princípio, o fato teria iniciado após um problema no atendimento à saúde de alguns apenados e, ainda no início desta semana, o juiz deve ouvir os detentos envolvidos na situação.
— Em princípio, foi gerado por um problema no atendimento à saúde. Alguns presos teriam sido retirados para o ambulatório e no retorno se indignaram porque não foram adequadamente atendidos. Aquilo começou a gerar tumulto e uma coisa levou a outra — afirma o magistrado.
Buch irá requisitar a relação de detentos que tiveram o mal-estar e uma listagem de agentes penitenciários que estavam de plantão durante o domingo. Somente após a apuração dos fatos é que será confirmado o fator motivador do princípio de rebelião, como, por exemplo, a tentativa de fuga. Conforme o juiz corregedor, nenhum detento deixou as celas durante o tumulto.
Durante a noite de domingo (2), algumas mensagens circularam em aplicativos de mensagens e nas redes sociais informando que apenados teriam sido colocados em pavilhões de organizações criminosas rivais. Conforme o juiz, a informação não é verdadeira, alguns presos foram retirados do local somente para receber atendimento ambulatorial.
— Não é verdadeira a história de que os apenados teriam sido colocados em local de facções rivais. Isso seria uma atitude criminosa por parte da administração e o efeito disso seria muito mais dramático — conclui o juiz.
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